Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

"..."Não foi por mal"
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
...

E é só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"

Acrilic on canvas - legião

domingo, 13 de dezembro de 2009

500 dias com ela (500 days of summer)


É um filme fofo do começo ao fim, fala do amor de forma genial.

Um pouquinho da história:
"Você só não esperava que ela não acreditasse no amor.

Não contava que ela realmente tivesse algum trauma disso tudo e fosse tão desprendida. Qual tipo de relação vocês têm? Consegue viver com essa dúvida? Consegue estar apaixonado e não assumir uma relação séria? Consegue agir tranquilamente ao ver ela tão natural com tudo isso? A sua mente está transtornada agora. A confusão faz parte dos seus pensamentos. Há muitos porquês a encarar.

E ela, de repente, resolve ir embora."

vale apena ver ^^

*;

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Veja bem, meu bem. versão com o Ney cantando.
que eu gostei mt. ;]

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Hoje é o dia Internacional da não violência contra a mulher

A data foi escolhida para lembrar as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana.
Em 25 de novembro de 1991, foi iniciada a Campanha Mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres, sob a coordenação do Centro de Liderança Global da Mulher,que propôs os 16 Dias de Ativismo contra a Violência contra as Mulheres, que começam no 25 de novembro e encerram-se no dia 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948. Este período também contempla outras duas datas significativas: o 1o de Dezembro, Dia Mundial da Luta contra a AIDS e o dia 6 de Dezembro, Dia do Massacre de Montreal.
Em março de 1999, o 25 de novembro foi reconhecido pelas Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
É um dia para nao se esquecer das injustiças e garantir que mais mulheres não sofram com a violência. É também um dia para reforça a luta por uma sociedade mais justa, igualitária e onde todos possam viver plenamente.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Luta!

Como não só de reflexão interior sobrevive a sociedade, vou colocar aqui um texto que escrevi junto com uma amiga sobre a situação dos trens da central. Ele saiu no jornal A verdade desse mês (nº111) que é uma imprensa popular que denuncia a exploração e desigualdade da nossa sociedade.

A saga dos usuários da Central do Brasil

No dia 7 de outubro, quando uma composição enguiçou próximo à estação de Nilópolis, na Baixada Fluminense, os passageiros, sem informação do que ocorria, saltaram na via férrea e fizeram um protesto no local. O problema com os trens se espalhou para outras estações, e a confusão tomou conta dos ramais da Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Um vagão de trem foi queimado, a estação de Nilópolis foi toda quebrada e a repressão policial foi intensa.

Usuários denunciam: "Mais uma vez, o problema se repete. O trem do ramal Saracuruna - Central do Brasil, que ia no sentido Central, enguiçou e fez com que eu, assim como centenas de outras pessoas, nos expuséssemos a uma série de riscos. Além de termos que desembarcar no meio da linha férrea, tivemos que andar por cerca de cinco minutos pelos trilhos que cortam uma das áreas mais perigosas do Grande Rio.", afirma Victor Lima. Da mesma forma, Luciene Marcelino aponta de quem foi a culpa - “Às 8h, começou o tumulto porque não devolveram o dinheiro e os passageiros não conseguiam sair da estação. Esta é a realidade que vivemos com a Supervia. O desrespeito é geral. E um dos seguranças surgiu com um cão, enquanto policiais circulavam com fuzis no meio do pessoal. Hoje foi em grande escala, mas todo dia acontece alguma coisa assim".

Em declaração sobre o que ocorreu, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), acusou os usuários dos trens de vândalos e vagabundos e que todos deveriam ser presos. Os trabalhadores, indignados, são diretos na resposta - “Eu acho que ele (o governador) deveria andar de trem antes de falar uma asneira dessas. Para quem não anda de trem é mole, andar de motorista é mole, quero ver pegar o trem de manhã lotado indo trabalhar e o trem não sair do lugar, ficar o maior tempão e a pessoa estar arriscada ainda a perder o emprego por causa do meio de transporte. Ele não está ajudando em nada.” diz Leandro Lisboa, usuário do trem. Já, Camila Oliveira, usuária do trem e trabalhadora do mercado da Central, fala que “Ninguém é vagabundo e ninguém tem que ser preso. Todo mundo está ali para trabalhar. Ele quer que todo mundo fique calmo com a situação. Ele não depende de trem para ir trabalhar.”, e Neide Costa da Silva é enfática - “Eu acho que ninguém devia ser preso. Quem deve ser preso é ele.”

No dia seguinte desses acontecimentos, o mesmo fato ocorreu na gare da Central do Brasil. Após novos problemas operacionais, a Central foi fechada deixando vários passageiros sem ter como voltar para casa. Revoltados os usuários gritavam “Fora Cabral!”. Para dispersar a multidão ocorreu uma grande repressão, em que a policia usou gás de pimenta e balas de borracha.

Leandro nos relata sobre essa situação - “um amigo meu, que trabalha comigo, estava vindo para cá e não o deixaram passar. Ele tentou correr no sentido contrário para sair da confusão e tomou um tiro de borracha na mão. Ele vai ter que ficar um tempo sem trabalhar.”

Velhos problemas, velhas soluções

Em 1941, há 68 anos, o cantor de rádio Roberto Paiva lançava uma marcha de Carnaval que ficou famosa pela força da sua verdade, “O trem atrasou”. Em apenas duas estrofes, os compositores Paquito, E. Silva e A. Vilarinho resumem o dia a dia do trabalhador obrigado a usar este meio de transporte:

Patrão, o trem atrasou
Por isso estou chegando agora
Trago aqui um memorando da Central
O trem atrasou, meia hora
O senhor não tem razão
Pra me mandar embora !
O senhor tem paciência
É preciso compreender
Sempre fui obediente
Reconheço o meu dever
Um atraso é muito justo
Quando há explicação
Sou um chefe de família
Preciso ganhar meu pão
E eu tenho razão.

A história se repete, mas em forma de tragédia, e a resposta que se dá à indignação da população é a repressão, o descaso do governo e nenhuma solução. Vimos na greve dos ferroviários (A Verdade 105), que aconteceu no início deste ano, a denúncia do estado em que se encontravam os trens, o alerta que fazia o Sindicato dos Ferroviários de que acidentes graves poderiam acontecer na Supervia e, agora, a situação chega ao extremo, confirmando as apreensões dos sindicalistas.

Os trens são um transporte público, uma concessão do Estado para a Supervia administrar. Ao contrário do que parece, a Supervia não é dona dos trens, e sim presta um serviço, que nunca é regulado pelo Estado. Prevalece, portanto, a lei do lucro, e ela tem como finalidade única e exclusiva a segurança para o capitalista, dono da empresa, de que seus ganhos estarão garantidos sob quaisquer circunstâncias, independentemente se as necessidades mais básicas do povo estão sendo atendidas ou não. Ao governador compete, como representante e marionete desses interesses, manter a população sob cerco policial, obrigando-a a se submeter às mais indignas condições para que essa rotina não seja subvertida. Dessa maneira vivem os trabalhadores, produtores de toda a riqueza apropriada pelos capitalistas, mas os únicos capazes de transformar essa realidade favoravelmente aos seus interesses. Isso é um fato, quem viver, verá.

Gabriela Gonçalves e Nathália Lardosa


Mais informações : A Verdade um jornal dos trabalhadores a serviço da luta pelo socialismo

domingo, 8 de novembro de 2009

sem título

Numa noite que deu tudo errado, de uma forma confusa se sentiu feliz
quando entrou no mar
quando pisou na areia e a liberdade era quase visível,palpável
e no melhor lugar do mundo viu o nascer do sol,
cada gota que transformava tudo em transpiração
e no horizonte o dia se formava,
brigando com a noite que ia embora, sem querer ir

Quando se deu conta estava no meio,
no meio de algo que não sabia ao certo, só estava,
e o dia trouxe também suas inquietudes, seu vazio,
sentiu-se perdida quando chegou em casa,
não sabia o que tinha, nem como ficar ou ir embora
sabia apenas que havia saído do exato lugar que estava serena,
para outro mais complexo e confuso.Como tinha chegado ali?

Talvez a grande excitação e busca por mais adrenalina,
qualquer coisa forte que a tirasse da misera rotina fatigante,
como uma droga pra se sentir viva, no momento o auge, depois uma grande queda,
e a vontade de buscar esse sentimento de novo, e de novo, e de novo ...

Ela acordou vazia.
seus pensamentos indo e vindo, querendo achar uma resposta,
que naquele momento não tinha
sentia falta, "um apego fácil a qualquer coisa que lhe despertava o desejo"¹
e no caminho mais uma tropeço,
talvez estivesse partindo direto para mais uma queda,
sem ninguém para segura-lá
sabia que o descomprometimento era seu melhor amigo nessa hora.
e se descomprometeu em querer mostrar algo.




¹- Referencia a musica sereníssima do Legião urbana

domingo, 1 de novembro de 2009

sobre a felicidade

Minha avó dizia: para ser feliz, a gente não precisa sair do lugar, a gente tem que ser o lugar. Ela me advertia com seu olhar de madrepérola. Eu não entendia. Ser feliz para mim era sair de casa, depois da cidade, depois do estado e, se possível, do país. Acreditava que quanto mais longe do início mais perto do final. Julgava a independência um modo de fugir. Descobri que estava errado. Quanto mais longe do final mais perto do começo. Nada mais alto, banal e humano do que dizer: "eu sei ser feliz". Dor, susto, drama e tragédia, a gente já nasce sabendo. Saber ser feliz exige décadas para entender e, ao mesmo tempo, pede tão pouco. Ficar horas conversando abraçados. Não depender de lugares famosos, de restaurantes, de aventuras exóticas para contar depois. A felicidade é uma impressão, uma intensidade, que não há como descrever para os amigos. Muitas vezes, se vive somente para relatar o quanto nossa vida é impressionante, mas lá no fundo persiste uma mágoa desconfiada de não vivermos o que realmente desejamos. O que desejamos não se diz, se arde. Saber ser feliz é se deliciar com bobagens e lembranças, brincadeiras e com a proximidade do corpo. Não deixar o corpo ser apenas um corpo. Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

minha perspectivas estão a mil!
só tenho uma coisa a declarar nessa hora de grande euforia: eu amo pra caralho cinema! <3

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

aquela sensação de que algo vai acontecer
uma preparação pra quase qualquer coisa, como se todas as merdas possíveis já tivessem acontecido
e uma pequena esperança em forma de luz, brilhando
enxergando na frente aquela possibilidade: seus sonhos

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O operário em construção - Vinicius de Moraes

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade

Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente

Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
— Garrafa, prato, facão —
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia

Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo

Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão.
Pois além do que sabia
— Exercer a profissão —
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:

A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.



E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte

Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
— “Convençam-no” do contrário — Disse ele sobre o operário

E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento

Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
— Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro de seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.

E o operário disse: Não!
— Loucura! — Gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
— Mentira! — disse o operário

Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Como o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

vale apena ler :]

  • Porto Alegre, 10 de agosto de 1985 -Caio Fernando Abreu

"... isso que chamamos de amor, esse lugar confuso entre o sexo e a organização familiar..."

Sérgio, não sabia como começar - então comecei copiando essa frase aí de cima, é Caetano Veloso numa entrevista ao JB, vim lendo pelo caminho, não consegui me livrar dela.

Agora estou aqui, escrevendo para você no meu quarto antigo, que minha mãe conserva tal-e-qual, como se eu um dia fosse voltar para casa. E lá se vão - quantos mesmo? - sei lá, quinze vinte anos, qualquer coisa assim.

Chove. Faz frio. É bom estar aqui. Tão bom. Me sinto protegido. Ficamos vendo velhas fotografias, bebendo vinho e rindo muito. Meu irmão Felipe vestiu um modelinho de couro negro e saiu "para dar uma prensa numa caixa de supermercado". Márcia está tão bonita. E Rodrigo, meu sobrinho, que tem dois anos e não parece quase me desconhecer. Deixei-os vendo um filme antigo dos Beatles, Lennon repetindo "don´t let me down" - e agora percebo que meu inglês anda tão precário que não lembro se é d´ont ou don´t.

Cansado, cansado. Quase não dormi. E não consigo tirar você da cabeça. Estou te escrevendo porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais. Penso em você, penso em você com força e carinho. Axé.

Foi mau, ontem. Fui mau, também. Menos com você, mais comigo mesmo. Depois não consegui dormir. Me bati pela casa até quase oito da manhã. Teria telefonado para você, não fosse tão inconveniente. Acabei ligando para Grace, pedi paciência, chorei, contei, ouvi.

Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência.E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.

Te escrevo com um cigarro aceso e uma xícara de chá de boldo. A escrivaninha é muito antiga, daquelas que têm uma tampa, parece piano. Tem um pôster com Garcia Lorca na minha frente. Um retrato enorme de Virginia Woolf. E posso ver na estante assim, de repente, todo o Proust, e muito Rimbaud, e Verlaine, Faulkner, Ítalo Svevo, William Blake. Umas reproduções de Picasso. Outras de Da Vinci. Um biscuit com um pierrô tão patético. Uma pedra esotérica ainda de Stonehenge, Inglaterra, uma caixinha indiana. Todos os meus pedaços aqui.E você não me conhece, eu não conheço você.

Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse.Zelda, há também o único romance escrito por Zelda Fitzgerald, a mulher de Scott Fitzgerald, que morreu louca, um incêndio, um hospício. Chama-se "Save me the waltz". "Reserve-me a valsa", não é lindo? Lembra o Brahma, se se dançasse no Brahma.

Please, save me the waltz.

Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio, fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Pedro Paulo me dizendo no ouvido "nunca vi essas luz nos seus olhos".

Eu não queria saber.Tão artificial, tão estudado. Detesto ouvir minha voz no gravador ou ver minha imagem em vídeo. Sôo falso para mim mesmo. A calma, o equilíbrio, as palavras ditas lentamente, como se escolhesse. Raramente um gesto, um tom mais espontâneo. Tão bom ator que ninguém percebe minha péssima atuação.

Você compreende tudo isso?

Pausa. Campainha. O jornal de domingo. Desço, outro chá de boldo. Um comentário de Rubens Ewald sobre Aqueles dois, diz que é excelente, fala da "dignidade e tratamento delicado dado ao tema". Lembro da crítica de Sérgio Augusto, de como fez mal por dentro. Já passou.

Quando pergunto você-compreende-tudo-isso não estou subestimando você. Ah, deus, perdoe. Não sinto agressividade nenhuma em relação a você. E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, soma-las, diminui-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.

Dormi umas três horas e acordei ouvindo Quereres, de Caetano. Repeti, várias vezes, cada vez mais alto. Ah, bruta flor do querer. Discutia tanto com Ana Cristina César, antes que ela acolhesse a morte (acertadamente? Me pergunto até hoje, nunca sei responder): nossa necessidade fresca & neurótica de elaborar sofrimentos e rejeições e amarguras e pequenos melodramas cotidianos para depois sentar Atormentado & Solitário para escrever Belos Textos Literários.

O escritor é uma das criaturas mais neuróticas que existem: ele não sabe viver ao vivo, ele vive através de reflexos, espelhos, imagens, palavras. O não-real, o não-palpável. Você me dizia "que diferença entre você e um livro seu". Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos jeitos. Alguns estranhos.

Não há nenhum subtexto nisto que te escrevo. Não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais - e eu nasci praticamente no campo, até os 15 anos quase no campo, céu e campo. Não sei se a gente pode continuar amigo. Não sei se em algum momento cheguei a ver você completamente como Outra pessoa, ou, o tempo todo, como Uma Possibilidade de Resolver Minha Carência. Estou tentando ser honesto e limpo. Uma possibilidade que eu precisava devorar ou destruir. Porque até hoje não consegui conquistar essa disciplina, essa macrobiótica dos sentimentos, essa frugalidade das emoções.

Fico tomado de paixão.Há tempos não ficava.

E toda essa peste, meu amigo. O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida, aos 36 anos, tão pouco. Nem vivi nada ainda. E não sou sequer promíscuo. Dum romantismo não pós, mas pré todas as coisas - um romantismo que exige sexualidade e amor juntos. Nunca consegui. Uns vislumbres, visões do esplendor. Me pergunto se até a morte - será? Será amor essa carência e essa procura de amor, nunca encontrar a coisa?

Das minhas heterossexualidades, dois filhos mortos, não ficou nada. Das minhas homossexualidades, esse pânico lento e uma solidão medonha. A hora é tão grave.

Vim pegar energia. Sim. Preciso ver a terra, preciso do horizonte do pampa. Já começa a agir, meus ombros se soltaram. Olhei no espelho e aquela ruga entre as sombrancelhas se desfez.

Não quero me tornar uma pessoa pesada, frustrada, amarga. Não vou me tornar assim. Então vacilo, escorrego e a mania de perfeição virginiana e a estética libriana no dia seguinte me dizem "que vergonha, que vergonha, que vergonha".

Eu podia dizer que tinha/tínhamos bebido demais. Eu podia dizer que estava com tanto medo de vir para Porto Alegre. Eu podia contar a você dos meus últimos meses, oito, dez, doze horas por dia sobre a máquina de escrever, falando com quase ninguém. Sozinho, às vezes. Cantando também. Tudo isso, se eu te dissesse, talvez tivesse ajudado a doer menos em você.

De repente me passa pela cabeça que você pode estar detestando tudo isso e achando longo e choroso e confuso. Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir. Tento não ficar assustado com a idéia que este tempo aqui é curto, que eu vou voltar a São Paulo e que talvez não veja mais você. Sei que não fico assustado demais, e enfrento, e reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano - tudo se ajeita. Menos a morte.

Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

Quando te falo da idade, quando te falo do tempo, e não tivemos tempo - queria te falar de Cronos, Saturno, da volta pelo Zodíaco quando se completa 30 anos. A tua estrela é muito clara, tem sinais bons na tua testa. Compreendo teu Plutão e a Lua encarcerados na casa XII - as emoções e paixões aprisionadas -, e também Urano, todo o impulso bloqueado. Na mesma casa, a do Karma, a dos espíritos que mais sofrem, tenho também o Sol, Mercúrio e Netuno. Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos. E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim - para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem.

Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.

Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,

Caio F.

p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.

domingo, 9 de agosto de 2009


"Tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo o que vivi e ser exatamente como eu sou." (Caio F.)

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

sim

Eu disse a uma amiga:
- A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
- Mas lembre-se que você também superexige da vida.
- Sim.

Clarice L. *;



quinta-feira, 30 de julho de 2009




Nome próprio, esse filme me remeteu a varios pensamentos. Me fez escrever algumas coisas, e admirar um pouco mais (se isso ainda é possivel!) o cinema. principalmente o nosso cinema brasileiro. enquanto nao resolvo colocar o que andei criando, ficamos com as palavras da camila:


Hoje vou procurar a palavra que se perdeu, que escapuliu entre meus dedos, que escorreu por minhas mãos. Eu hoje vou conter nas letras esse fluxo que não para de me levar pra longe daqui. Eu hoje vou ficar aqui quieta, enquanto frases se formam, enquanto parágrafos inteiros se fixam na tela. Alguns fogem. E eu deixo que fujam porque sei que posso recuperá-los, melhores, adiante. Não me desespero mais. Encontrei o leito por onde escoar o meu excesso.
Camila Lopes.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

estamos correndo o perigo de perder uma capacidade humana fundamental: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros sobre uma página branca, de pensar por imagens.

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Adoro essa foto! :] é só luz.


“Então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.” Caio F.

sei que ultimamente tenho postado algumas coisa meio "pra baixo" podemos dizer assim, mas não tenho certeza se tem realmente a ver com um estado de espírito, quem sabe.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

- Pq vc me pede tanta aspirina?
Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro.
- É para eu não me doer.
- Como é que é? Hein? Você se dói?
- Eu me dôo o tempo todo.
- Aonde?
- Dentro, não sei explicar.'

[ Clarice Lispector - A Hora da Estrela ]

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Something

Something in the way she moves
Attracts me like no other lover
Something in the way she woos me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

Somewhere in her smile she knows
That I don't need no other lover
Something in her style that shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how

You're asking me will my love grow
I don't know, I don't know
You stick around now it may show
I don't know, I don't know

Something in the way she knows
And all I have to do is think of her
Something in the things she shows me

I don't want to leave her now
You know I believe and how


me falta palavras pra escrever um poema, e me falta vontade de demonstrar qualquer coisa confusa que eu esteja sentindo. mas sigo sorrindo ...

domingo, 24 de maio de 2009

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz,
É preciso ser de vez quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Fernando Pessoa- O Outro

sábado, 16 de maio de 2009

OUTUBRO

.
Trago a nova: eu mudo
lento, e é tudo

Sinto ser assim
por estações: aos turnos

Posso voltar
ao ponto de partida
mas luto

Sei que vem outubro
Flores, fruto de seiva
romperão no mundo

(Trabalho duro:
sugar de pedras
rasgar os caules
colher ar puro)

Lento e bruto
eu mudo
Sei que vem
Outubro
.
Nei Duclós

terça-feira, 14 de abril de 2009

"Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência." Karl Marx

meu humor anda o melhor possivel esses dias ... :]

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

When I was a kid I used to pray every night for a new bicycle.
Then I realised God doesn’t work that way, so I stole
one and prayed for forgiveness.



- Emo Philips

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Felicidade são dias como esses


eu vejo sol, eu vejo mar, vejo noites mais que estreladas e toda uma perspectiva de sonhos e coisas boas. Férias como essas, dias como esses, são o que fazem uma pessoa feliz, e faz desse verão inesquecível. :]


“Sei o que é primavera porque sinto um perfume de pólen no ar, que talvez seja o meu próprio pólen, sinto estremecimentos à toa quando um passarinho canta, e sinto que sem saber eu estou reformulando a vida. Porque estou viva.” Clarice Lispector

domingo, 8 de fevereiro de 2009

"...Esta é você, na chuva.

Nunca pensou que fosse fazer algo assim.

Você nunca se viu como - não sei como descreveria - como uma dessas pessoas que gostam de olhar a lua ou que passam horas contemplando as ondas ou o pôr-do-sol. Deve saber que tipo de pessoas estou falando. Talvez não saiba.

Seja como for, você gosta de ficar assim: lutando contra o frio, sentindo a água penetrar na sua camisa e a sensação do chão ficando fofo debaixo dos seus pés e do cheiro. Do som dá água batendo nas folhas e todas as coisas que estão nos livros que você não leu.

Essa é você.

Quem teria imaginado?

Você."

Mi Vida Sin Mi 2003 ( Direção: Isabel Coixet)


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Resíduos - Carlos Drummond de Andrade

De tudo ficou um pouco.

Do meu medo. Do teu asco.

Dos gritos gagos. Da rosa

ficou um pouco.

 

Ficou um pouco de luz

captada no chapéu.

Nos olhos do rufião

de ternura ficou um pouco

(muito pouco).

 

Pouco ficou deste pó

de que teu branco sapato

se cobriu. Ficaram poucas

roupas, poucos véus rotos

pouco, pouco, muito pouco.

 

Mas de tudo fica um pouco.

Da ponte bombardeada,

de duas folhas de grama,

do maço? vazio ? de cigarros, ficou um pouco.

 

Pois de tudo fica um pouco.

Fica um pouco de teu queixo

no queixo de tua filha.

De teu áspero silêncio

um pouco ficou, um pouco

nos muros zangados,

nas folhas, mudas, que sobem.

 

Ficou um pouco de tudo

no pires de porcelana,

dragão partido, flor branca,

ficou um pouco

de ruga na vossa testa,

retrato.

 

Se de tudo fica um pouco,

mas por que não ficaria

um pouco de mim? no trem

que leva ao norte, no barco,

nos anúncios de jornal,

um pouco de mim em Londres,

um pouco de mim algures?

na consoante?

no poço?

 

Um pouco fica oscilando

na embocadura dos rios

e os peixes não o evitam,

um pouco: não está nos livros.

 

De tudo fica um pouco.

Não muito: de uma torneira

pinga esta gota absurda,

meio sal e meio álcool,

salta esta perna de rã,

este vidro de relógio

partido em mil esperanças,

este pescoço de cisne,

este segredo infantil...

 

De tudo ficou um pouco:

de mim; de ti; de Abelardo.

Cabelo na minha manga,

de tudo ficou um pouco;

vento nas orelhas minhas,

simplório arroto, gemido

de víscera inconformada,

e minúsculos artefatos:

campânula, alvéolo, cápsula

de revólver... de aspirina.

De tudo ficou um pouco.

 

E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção

e abafa

o insuportável mau cheiro da memória.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

"Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta ..." Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Não chegue na hora marcada ...

"Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo." Caio F.A. :]


*A pessoa que você mais deve amar e respeitar na sua vida é você mesma, assim o resto vem mais fácil, e se não vier mais fácil, vai ser mais rápida a cura.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

“Primeiro levaram os comunistas,

Mas eu não me importei

Porque não era comunista.

Em seguida levaram alguns operários,

Mas a mim não me afetou

Porque eu não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas,

Mas eu não me incomodei

Porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez

De alguns padres, mas como

Nunca fui religioso, também não liguei.

Agora estão me levando,

Mas já era tarde."

Bertolt Brecht

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009


"Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.”  Eduardo Galeano

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

"Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto.Esse eterno levantar-se depois de cada queda."

Não me arrependo do meu modo, as vezes transloucado de sentir cada experiência, de encarar de frente a vida. Com meu modo sobrevivo e aprendo a viver. ;]


Sonho Impossível

Sonhar mais um sonho impossível.
Lutar quando é fácil ceder.
Vencer o inimigo invencível.
Negar quando a regra é vender.
Sofrer a tortura implacável.
Romper a incabível prisão.
Voar num limite improvável.
Tocar o inacessível chão.
É minha lei, é minha questão,
virar esse mundo, cravar esse chão.
Não me importa saber
se é terrível demais,
quantas guerras terei que vencer
por um pouco de paz.
E amanhã, se esse chão que eu beijei
for meu leito e perdão
vou saber que valeu delirar
e morrer de paixão.
E assim, seja lá como for
vai ter fim a infinita aflição
e o mundo vai ver uma flor
brotar do impossível chão.

Andrew Lloyd-Weber

alguem especial me mandou esse poema e me fez chorar.