Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo?

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

“E com esse que eu vou desabafar na multidão...”

Volto a sentir a serenidade que tinha perdido em alguma esquina, em alguma mesa de bar junto com uns restos de cinza e um cigarro apagado. Junto dela não perdi ainda a dor que me acompanha, não só saudades, não só medo, mas dor, dor daquelas que não são só mentais, mais que se manifestam também fisicamente.

De primeira, fujo de pensar nisso, mas quando não a alternativa, e nesse caso, não há, penso algumas vezes o que cada memória significa. Cada experiência,mortal que tive, e me vejo renascendo de cada uma delas, sobrando o mais importante e essencial. Apego-me no fato das minhas decisões tomadas, serem decisivas. Penso sinceramente do que vale nossos sentimentos agora? Eles são apenas reflexos. De nada valem nem os sentimentos, nem as transloucadas demonstrações de que ainda há algo. Resta seguir enfrente, em paz, com as opções tomadas. Na certeza da construção de algo melhor.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Mar azul, pensamentos


Ai meu deus,como dói aquela sensação, a de estar a beira do abismo mais não poder se mexer.

Não pode ficar, mas também não pode partir.

Ela queria muito mais, mas se perdia, pelos trilhos, pelos sonhos, pelos socos da vida.

E as cores iam aparecendo, rodopiando a sua volta, volta e meia, ficava tudo preto e branco, mas depois as cores voltavam a brilhar, uma a uma depois todas. E isso ia se repetindo, repetindo...

Tudo brilhando, sentava vendo o mar sentia-se inundada de novo, mas quando não brilhava era vendo o mesmo mar que ela pedia respostas, que talvez nunca viriam.

E ia se questionando, cada passo, cada tropeço, cada tensão, analisando tudo.

Palavra por palavra, ela tentava botar tudo no lugar, como um quebra cabeça que misteriosamente não fazia sentido. Aumentando a inquietação, criando um vazio, que a separava cada vez mais dela. O vazio que talvez jamais fosse conseguir entender.

Nessas procuras às vezes achava um pedaço seu, às vezes, numa curva mais profunda, deixava uma parte dela.

Idas e idas, e cada vez mais idas pelas perguntas, algumas com respostas, a maioria não. Numa roda gigante de emoções, ainda restava o fato que não sabia. Será que conseguirá pular quando chegar à hora? Será? Será que seria capaz de abandonar o medo?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"Mundo Grande", Carlos Drummond de Andrade

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
Por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho
cruamente nas livrarias: preciso de todos.

domingo, 23 de novembro de 2008

sem nome.

Rostos, cenas, rascunhos

Presença, não-presença

Sobras de algo vivo, pulsante,

Passivo.

(...)

Na paixão por roteiros prontos,

Fuga.

Palavras desconexas

Pra passar a limpo,

Uma vida só de cenas.


É parte, ainda, da parte, que me faz ser tudo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gerânio - Marisa Monte

Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo
do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Começo ...

Gosto de escrever, mas acho que prefiro as citações, aquelas que falam pela gente. Não que não vá ter um monte de pensamentos confusos ou não meus, que na verdade, nunca pensei em deixar serem lidos.

Gosto muito pouco de me expor, mas as vezes a gente precisa ser lido, precisa dizer (ou escrever nesse caso), como forma de libertação. E as palavras são um arte inegável, consagrada por diversos poetas. E na vida, tem momentos que precisamos nos libertar ...

Diálogo do filme Vicky Cristina Barcelona:

- Ainda é apaixonado por ela.

- Não. Não sou. Não sou.

- Isso confirma que é.

- Não, ela será sempre uma parte de mim. É uma pessoa importante na minha vida.

Mas para nós, alguma coisa não estava dando certo.

- Que coisa?

- Nunca descobrimos.